quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Sopro Percussivo de Bira Reis


                        
 Ubirajara de Andrade Reis (Bira Reis)

 Ubirajara de Andrade Reis (Bira Reis)

 Ao passo de 30 anos de trabalho, Bira Reis conduz com maestria e sensibilidade  os instrumentos musicais percussivos e de sopros que acompanham seus estudos, inspirações e criações plásticas e musicais determinantes na história recente dos movimentos culturais afro-baianos. Músico de percussão e sopros, criador de instrumentos musicais variados, Arte Educador, Artista Plástico e Pesquisador, o Mestre Bira Reis desenvolve suas ações voltadas para a cultura popular e universal, inspirando-se profundamente na pluralidade étnica que constitui o nosso povo e o nosso tempo. Ações estas que promovem e refletem as questões e tradições indígenas, afro-brasileiras e sertanejas.

A trajetória artística de Bira Reis é poderosa e reflete o alcance do seu trabalho. Músico e criador protagonizou uma das épocas áureas do Olodum em que se destacou como compositor e arranjador do referido bloco afro baiano, além de realizar, junto ao Olodum, importantes turnês internacionais. Bira, ainda, é o compositor da música Reggae Odoyá gravada pelo cantor jamaicano Jimmy Cliff. O Mestre Bira Reis cultiva uma experiência artística internacional determinante produzindo frutos artísticos e musicais em uma variedade de países como: Índia, Nova Zelândia, Itália, França, Espanha e tantos outros onde realizou trabalhos musicais e socio-culturais.

Bira Reis é grande em suas pesquisas que articulam a música e as reflexões étnicas e socio-culturais do nosso povo e do nosso tempo. Assim, na condição de pesquisador e arte educador, que Bira se constitui fundador e coordenador da Oficina de Investigação Musical - O.I.M, onde se realizam atividades de confecção de intrumentos musicais singulares, oficinas de percussão e sopros, além de tantas atividades artisticas e culturais. É, também na O.I.M, que Bira Reis e a Banda Ilú Batá desenvolveram uma pesquisa musical que cruza experimentos rítimicos percussivos e de sopros com uma pegada musical de inspirações étnicas, intitulada de afro-jazz.

A música experimental e refinada do Ilú Bata reflete as inspirações afro-culturais que o grupo apresenta no estilo e no nome, sendo que Ilú - é o nome de um instrumento da nação Ijexá, usado nos afoxés de Salvador; e Batá - é outro instrumento de origem Iorubá muito usado nas santerias de Cuba. Portanto, Bira Reis e a Banda Ilú Batá apontam com seus poderosos instrumentos e criações rítmicas para as questões étnicas e históricas que estabelecem o caráter plural de nossa cultura e sociabilidade afro-brasileira.

Ainda, na Oficina de Investigação Musical - O.I.M estão sendo realizados os ensaios e as filmagens do espetáculo Iauretê - novo trabalho do Grupo de Teatro Palmares Iñaron, que tem previsão de estréia para o meado de outubro deste ano. O espetáculo Iauretê é uma livre adaptação do romance Maíra de Darcy Ribeiro e do conto Meu Tio, O Iauaretê de Guimarães Rosa. Com direção e adaptação de Lia Spósito, direção musical e multimídia de Bira Reis, orientação artística de Antônio Godi e as interpretações de Maria Janaina e Victor Kizza, além da participação do percussionista Quiones (Zorival Santos) e da grande contribuição técnica e produtiva de Nildo, o espetáculo Iauretê busca refletir sobre as questões históricas, ancestrais e atuais, que marcam os povos indígenas brasileiros.

Um comentário:

  1. Bacana essa história, é xamância também, não? Parabéns família Spósito.

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